segunda-feira, março 13, 2006

Meninos são sempre meninos...

Fim de tarde num coletivo qualquer da cidade... Relativamente vazio, ainda que num horário que não me agrada. Retorno dos meninos dos vários colégios... vozes demais, espaço físico de menos... Assumo minha tradicional "posição de autista" adotada em coletivos quando não tenho humor pra observar e/ou interagir. De início até funciona... Mas lá uma hora, quando menos espero, já comecei a me dar conta de dois garotos sentados atrás de mim. Até ali, imerso em meus próprios pensamentos e problemas, ainda não havia dado muita atenção ao que conversavam de forma tão animada... Mas ora... é ponto pacífico que conversa de ônibus é de domínio público. Ninguém em sã consciência conta segredos - não os que quer que sejam mantidos como tal - dentro de um ônibus. E lá vão os dois guris, tagarelando. E lá vou eu, me desligando por um tempo de minha própria vida pra, de forma relutante, me dedicar a esta que é a provável atividade mais prazerosa a que pode se dedicar um ser humano: Saber da vida dos outros.

A conversa dos meninos - que pareciam recém-saídos da aula - não poderia estar girando em torno de tema mais batido. Meninas... Um deles comentava com o outro quão gostosa estaria uma coleguinha de colégio. O outro respondeu alguma coisa num tom de voz um pouco mais baixo (eu já fui menino, e lógico, não precisaria escutá-lo pra imaginar o teor do que foi dito). Ao que o primeiro - nitidamente o mais extrovertido dos dois - retrucou a título de troça e em alto e bom som sobre a suposta virgindade do mais tímido. Bom... Nessa hora não tive como evitar um sorrisinho de canto de boca, lembrando de mim mesmo aos 13 ou 14 anos, e de quão ferinos poderiam ser comentários desse gênero na pré-puberdade. A resposta, que obviamente teria sido a minha própria| em outras épocas, ou a de qualquer outro guri ferido em sua virilidade, foi uma daquelas grosserias ditas da forma mais desavergonhada e alta possível, em que com todo o gosto do mundo se envolve a mãe, irmãs e o que mais de componente feminino houver na família do oponente. Evidentemente, na maior parte das vezes meninos não dizem isso com o intuito de machucar o outro. Dizem rindo, estapeando-se de leve, com aquela vitalidade ingênua que chega a assemelhá-los às vezes a cachorrinhos! Tentem observar cãezinhos brincando. Eles rosnam um pro outro, dão-se patadas e lambuzam-se (e também aos donos), e tudo isto com uma energia ingênua que beira a burrice. Tantas vezes quantas forem jogadas bolas coloridas de borracha para que peguem e tragam, tantas vão ser as vezes em que eles as pegarão e trarão... e em todas as vezes, com aquela cara de felicidade e a língua bobona escorrendo baba pra todo os cantos.

É a mesma vitalidade com que os guris lançam-se às discussões mais descabidas, como se da defesa de seus pontos de vista naquele momento dependessem suas próprias integridades. E é assim que percebo os dois pequenos ali atrás agora a ponto de se engalfinhar por não chegarem a um consenso sobre se seria ou não burrice ir a uma LAN House para jogar Super Mário, como um deles aparentemente havia feito, e tentava se explicar. Aqui cabe um aparte: Em geral se vai a LAN Houses com o intuito de disputar jogos em equipes, como corridas em grupos, futebol, voleibol e os famosos jogos que simulam combates. Por isso mesmo faz parte da formação cultural de guris de qualquer parte do mundo| saber que é o maior contrasenso, além de desperdício de tempo e dinheiro ir a um| destes templos de jogatina brincar de Super Mário ou acessar Internet. E neste ponto eu, menino que já fui um dia, com uma rápida olhadela de desaprovação velada fiz o menino do Mário perceber que não tinha como ganhar aquela... Pra não perder ainda mais terreno, eis que o| guri muda sutilmente o rumo da conversa. Só que notei logo que foi infeliz. Na pressa pra sair da situação constrangedora, instigou o outro a falar das aulas de Matemática. Campo| que, tão logo começaram a falar, ficou claro que não era de domínio de nenhum dos dois... desculpas gaguejadas aqui e ali sobre os| fracos rendimentos de ambos na matéria, pelo menos nesse quesito| ambos, que até ali haviam discordado em praticamente tudo sobre o que conversavam, uniram-se no ataque aos professores... aqueles "ordinários sem nenhuma| didática", que aparentemente haviam reprovado boa parte da turma sem razão alguma ("notas baixas?", pensei cá comigo...)!! Daí a falarem dos boletins foi um passo, para logo falarem das professoras bonitas que tinham, e dos planos mirabolantes para que não precisassem ir às recuperações de final de ano (e eu imaginando se não seria mais fácil começarem a estudar logo por agora, ainda no início do ano, que já começarem a traçar os tais planos alternativos?), e mais adiante estavam novamente discutindo sobre meninas gostosinhas do colégio... meninos vão ser sempre meninos...

E tudo isso do alto da vitalidade de seus 13 ou 14 anos. E eu imaginando por que cargas d'água eu não tinha ali comigo uma bolinha colorida, só por via das dúvidas...

7 comentários:

Vinicius disse...

Eu tinha um texto que falava sobre isso. Mas você já versou de maneira tão linda e doce que o meu perdeu o sentido.

Mas uma coisa é verdade: meninos são sempre meninos...

Como disse o Renato: os homens são bestas como cachorros e as mulheres inteligentes como gatos.

Anônimo disse...

Leo, e qdo os meninos crescem como agem? Tinha lido a primeira parte, mas não consegui deixar comentário, agora sei o pq. Tava esperando o final p ir dormir...Vc é bom, cara!Aliás, esse time daqui é assim...

Fábio Farias disse...

Pura verdade! :D

mg6es disse...

Eu tenho um sobrinho nessa faixa de idade, e que só fala de garotas, msn e orkut. Das notas baixas, evita comentários.

Léo, belo como sempre!

[]´s

Marina disse...

Eu adorava Super Mário! :D~

Muito bom, Léo! ;*

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

best regards, nice info » »