terça-feira, abril 11, 2006

dia sem tema


Acordei com cara de sábado. Mas isso foi ontem. E o tempo tomou conta de mim. Tinha sol, lembro. Quente e rosa, porque hoje (ontem) acordei feliz e essa foi a cor que teve o dia. Poderia ser verde, com cara e cheiro de mato, de erva, da tranqüilidade das cidreiras borbulhantes na xícara da noite (anteontem). Bem lá, onde chorei uma dor sem sentido, com alguns motivos que inventei pra acompanhar meu coração descompassado.

E me virei, leve. E estava em paz. Sem calor. Ou dor. E ela estava. Ele já tinha ido trabalhar. - Engraçado como acordei Feliz! – Eu pedi à Deus! – Eu também! Rimos. Eu agradeci em silêncio. Mas acredito que as mães tenham mais sorte!

O “sábado” daquele dia me pediu argumentos. Inquieta, lavei roupas. Várias. De Vários. Coloridas. As minhas, pretas na maioria. Alguns falavam em algum lugar: preto é ausência de cor, outros que é a união de todas elas. Fico com o meu preto colorido e desrespeito o contexto.

O sabão pintava as fantasias. Nem tão sujas, carregavam lembranças de alguns dias. E noites. E sorrisos. E cheiros. Dos cigarros que não fumei. Do perfume de quem abracei. E músicas... A saia preta ficou no varal. A música que ela trouxe, na minha boca. Nas repetidas vezes em que o refrão insistiu em fugir, revelando um dos meus defeitos ( a repetição incansável de um único trecho de uma música, geralmente o mais irritante ). Um, de tantos.

E ainda era rosa. Tudo. Até o bife de fígado esturricado na panela. Eu gosto de fígado. De amor. De lasanha. De Nara Leão. De batata frita. De novela. De farofa. De beijo. De beiju.
E me dei conta da terça. Que já não era. E de quando aprendi a dar licença ao depois. E de como foram assim outras coisas. E de como são. Da posse muda da desistência sobre o manto rubro do prosseguir. Mas era um dia da cor que escolhi. E a felicidade tinha optado por mim.

Foi ontem.

É hoje. Desses dias que não tem nome. Nem tema. Porque poderia ser qualquer um.