quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Carnaval!

Antes que algum comentário se dê. (Afinal, quinta de carnaval tinha que cair com o Baiano.)
Carnaval não tem muita lógica mesmo. Não dá para inteligir... É pra dizer "eu vou comer água" sem se sentir culpado, ou imaturo.
É pra se acabar!
É dois milhões e cacetada de cabeças na rua de Salvador, mulher pra caraaaaaalho, chuva, suor e cerveja! (E lança, eventualmente - se bem que esse ano...)
Tô indo pra rua agora, e não vou poder burilar s´aqui.
Ô vô comer água! Duríssima!
Bom carnaval, macacada!

[]´s

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Doce Algodão Azêdo...


- Como um algodão doce!
- Como assim? Tá viajando?!
- Eu queria que meus medos fossem como um algodão doce, ora!
- Porra, que viagem!
- Queria que eles fossem murchando até desaparecerem!
- Não seria mais fácil colocar logo tudo na boca e engolir?
- Você é ridículo!
- Ô... mas você se liga em mim... fala aí?!
- Eu não queria que eles voltassem... Nunca mais!
- Então você teria que fuzilar todos os “algodõesdoceiros”.... brincadeira!
- Mas você é besta, viu?! – Quantos dias você acha que dura um algodão doce?
- Ai, meu Deus! Vou pedir ajuda aos universitários! Vou lá saber!!!
- Hunf! Você por acaso não tem medos?
- Não um rosa, doce, com um palito enfiado... coisa mais gay!
- Então, o seu é azul com um pau no fundo!
- Que baixo astral, você!
- Você que começou!
- Tá... O meu tem cara de carteira vazia... de limite estourado!
- O seu tem que ser verde, então... só pensa em dinheiro, mercenário?
- Que cor é o seu por acaso? Vermelho?!!!
- Também... Mas meu coração está anêmico...
- PeloamordeDeus, não venha falar daquele peixotinho não!
- Que Peixotinho, tá doido?!
- O cara era o Cover do Cauby Peixoto, fala sério!
- Não vou nem rir pra não te dar ousadia! ... Preciso de paz...
- O que tá pegando?
- Não sei... e esse é o problema! Tá tudo certo no trabalho, lá em casa... Mas tenho me
distanciado de mim... ficado cada vez mais longe...estou tris...
- VEM CÁ! Tem quanto tempo que você não dá uma?!!!
- ...
- ...
- Peguei pesado, né?!
- Não... só não estou brincando...
- Uma guerra contra todos os carrinhos de algodão doce, então?!
- Rs...
- Vamos, eu deixo você detonar o primeiro...
- Qual a cor do primeiro?
- Roxo... da cor da estupidez!
- Vale escopeta?!
- Pooorrraaaa... Dá um beijo! Da próxima vez, vamos de picolé... algodão doce é foda!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Toda sexta-feira todo o mundo é baiano junto

Salvador é cidade de duas estações... Uma delas, feia, fria e cinzenta, brinda a todos que dependem de seu sistema de coletivos com um pé d'água logo cedo pela manhã. E lá se vão, guarda-chuvas de pontas metálicas tortas pelo uso (as mulheres portando o estampado de gosto duvidoso das frágeis sombrinhas compradas nos ambulantes) disputar poças d'água nas paradas de ônibus com os outros encasacados da cidade - sim, porque o casaco de brim desbotado e puído nas mangas tirado do guarda-roupa nos dias frios e chuvosos já é uma instituição da cidade, como o é a estátua de Castro Alves, o acarajé ou a sereia de Itapuã.

Esses dias passam nublados de um jeito que enche as pessoas duma tristeza pesada, que dá quase pra tocar, e que acaba convertendo-se numa apatia sem explicação que dura até o próximo pé-d'água, que vem lá pelo final do dia, quando a massa de encasacados tenta se deslocar de volta a suas casas... Nada demais... Mais guarda-chuvas (uns tantos deles com algumas pontas metálicas tortas a mais do que pela manhã) e mais poças d'água ainda, com o agravante da sensação de caos que sempre provoca nas pessoas a mistura de chuva, ruas com iluminação amarelo-pálido dos postes e buzinas mais cores vivas dos faróis dos carros.

A outra estação? É a das sextas-feiras... Explico: Já notaram como dias quentes de verão geralmente remetem às sextas-feiras? Mais particularmente àquele finalzinho de expediente, em que se alinhava as últimas e descabidas tarefas do dia (afinal, isso lá é dia ou hora de se resolver pendências?) ao tempo em que se torce - olhando o resto de sol e a beleza da tarde pela janela - pra que o telefone não toque? Imagina uma chamada da diretoria marcando uma reunião de última hora... Nem é bom pensar... é provável até que atraia, sabe-se lá! Daí, findo o expediente, é sair de frente pro ar fresco que o mar do Rio Vermelho traz, respirando a atmosfera boêmia que só a minha Salvador tem (ou ao menos parte dela... a antiga, cheia de classe e bossa, dos velhos notívagos boêmios). É como se só soteropolitanos, que realmente vivem as poucas horas de final de tarde/início de noite da cidade, tivessem plena consciência da intensidade que é o sorriso despreocupado dado pro desconhecido do lado no caminho do boteco depois do final de uma semana estressante... ou a rápida e sadia olhadela pros atributos da mulata rebolativa, fogosa e insinuante que passa logo ali, com a leveza do andar típica dos de minha terra (tá... às vezes não tão rápida assim, em se tratando de Salvador, de uma mulata e de seus generosos atributos...).

Em que outro lugar, senão em Salvador, faria sentido atribuir à força da magia dos orixás o fato de, por pura homenagem, tanta gente se vestir por inteiro (alma incluída) de branco como quem pede benção? É aqui que as praças são feitas de pedras calçadas. E as praças do Rio Vermelho em particular, como que calçadas e unidas pelo azeite, cujo aroma já inebria de longe a quem vem. E sim... nós viemos! Quer ali pra baiana, onde o assunto da discussão importa menos que a temperatura da cerveja ou a quantidade de pimenta no acarajé, ou pro Mercado, palco de tantos destes artistas anônimos, malabaristas, músicos, mágicos, poetas ou só passantes, que ficam por ali, fauna característica do bairro, oferecendo seus préstimos ou só mendigando um trago ou um dos caldinhos de sururu do boteco de Titela. É o tipo de lugar onde quem é baiano se sente em casa, e quem não teve a sorte vira baiano por merecimento. Afinal, se está no Rio Vermelho, rendendo graças aos orixás. E é sexta-feira...

E, na estação das sextas-feiras,
toda sexta-feira
todo o mundo é baiano
junto.

O texto foi quase todo escrito com a letra desta balada simples e bela na voz gostosa da Bellô Veloso na cabeça.

sábado, fevereiro 18, 2006

Receita para fazer um anjo...

... ela me chegou como quem conta um segredo, o dedo indicador em direção aos lábios finos e quase sem cor, como sempre foi, “acho que estou grávida!”, meu coração sobressaltou. Quase não acreditei na notícia que iria, como de fato aconteceu, mudar toda a minha existência. No dia seguinte logo cedo uma ligação confirmando a suspeita do dia anterior. “O exame deu positivo”. Lágrimas de felicidades, pulos de euforia, buquês de flores e a certeza de que o nosso sangue iria continuar neste mundo por pelo menos mais uma geração. Os contatos freqüentes passaram a ser diários. As mudanças no corpo, no humor e no comportamento se faziam presentes, a partir daquele momento ela já não seria mais a mesma. Uma pessoa melhor? Talvez. O certo é que seria uma pessoa diferente. Os dois primeiros meses foram tranqüilos, mas logo em seguida seu corpo mostrou que segurar o bebê não seria uma tarefa muito fácil. Sangramentos, algumas internações, muitos sustos. Mas sempre ficava tudo bem. Acreditou-se por muito tempo que seria uma menina, mais uma entre tantas. Mas não era. Quem estava por vir era um guri. Um menino com nome, e cara, de anjo. Finalmente um homem na família Sampaio. Já não era sem tempo, progesterona o tempo inteiro enjoa. Todos os dias vinham notícias dele contando as suas “aprontações” ainda dentro da barriga, imagine só! Imaginávamos como seria quando ele estivesse entre a gente... E a espoleta resolveu nascer antes do tempo. Dia 23 de junho. Decidiu que queria ser canceriano e não virginiano como estava previsto. Nasceu Gabriel! Dias difíceis se sucederam. As chances de sobrevivência eram mínimas. Mas ele lutou como já estava acostumado. E foram grandes batalhas. Batalha dele para sobreviver. Batalha de quem estava de fora. E o pensamento não saía daquele espaço com pouco mais de um m². E assim foi por setenta e cinco dias. Altos e baixos. Altos e baixos. Baixos e baixos... E ele, enfim, cumpriu a sua missão. Virou um anjo de verdade!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Perspectiva.

Algum tempo há de servir para não ter perspectiva, meta, realização, esperança.
Um tempo de trocar o ser pelo contemplar.
Assumir uma cumplicidade distante da luz que chega aos olhos.
Apenas perceber, enquanto os ruídos de ações e reações envolvem o espaço em volta.
Um tempo de não precisar, nem querer.
Do coração bater com calma.
A respiração compassada.

[]´s

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Os alpinistas estão chegando

Os alpinistas estão chegando, estão chegando os alpinistas. Eles vêm cheios de boa vontade, são os verdadeiros portadores da benevolência, arautos de todas as boas novas. As mazelas do seu bairro irão acabar, sim! Eles darão um jeito, pois têm a solução de todos os problemas. Saneamento? Isso é básico. Asfalto? Escola? Posto de saúde? Sua cidade vai figurar entre as melhores do mundo no relatório anual da ONU. Melhor IDh de todos os tempos. A mudança tão esperada se dará num toque de mágica.

Eles vêm com seus sorrisos escancarados. Vão beijar as criancinhas, apertar a mão dos velhos, vão abraçar os trabalhadores suados, tudo com fervor e verdade fingidos. Cada detalhe minuciosamente traçado, o teatro mais que perfeito. No palanque, a oratória banhada em clichês deve soar como a verdade em pessoa. Gestos, gritos, punhos cerrados ao ar, caras e bocas a serviço do convencimento. Bandeirolas, faixas, cartazes, cantores famosos, e completa-se o show.

Qual a sua parte nessa história? É mínima. Tudo o que você precisa fazer é lhes dar o seu voto. Só isso. Tudo bem que é uma troca injusta, pois você dá sua parte antes de receber a deles. Mas, julgando pelo peso das promessas, vale a pena arriscar por 4 anos. Afinal, esse tempo voa, e no caso de dar errado, espera-se.

É assim... as atraentes promessas, puramente ilusórias, a favor de interesses próprios, de auto-promoção à custa das dores alheias, das misérias advindas do caos social, essa máquina sedenta de fabricar políticos. Sapateando na miséria os alpinistas vêm subindo na pirâmide do poder, e você que patrocina continua em baixo, lá no início da escada, da montanha. Eles usam suas costas para subir e começar a escalada. O povo pobre e oprimido fica ao Deus dará! Os alpinistas nada dão, nada fazem, tudo querem, e só você, ou nós, os eleitores, apenas nós, com nossa poderosa arma, é quem temos o poder de autorizar ou não a escalada. Cortemos a corda desses políticos carreiristas. As CPI´s existem, se não para punir, mas pelo menos para expor à mídia a cara dos sacanas que legislam em proveito próprio. Vamos dar apoio àqueles cujas propostas sejam sérias e coerentes, àqueles que no mínimo tenham um histórico confiável. A hora dessa mudança, desse amadurecimento político já passou, mas nunca é tarde para ser sentida e executada. Nos afastemos, pois, dessas pessoas de temperamento sórdido.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

lost (ou "i am a rock")

Começou a ser exibida essa semana à noite na rede Globo a série Lost. Como tudo o mais que chega a terras tupiniquins - os valores socio-culturais e incluídos - a série desembarcou com atraso significativo. Ao que parece os sobrinhos de Tio Sam já estão se deliciando com a segunda temporada.


A história em si é simples. Um acidente de avião deixa 47 sobreviventes numa ilha - aparentemente - deserta. No início estão todos ainda tomados por um misto de perplexidade, medo e esperança de que o resgate não vá tardar. Só que não há o mínimo sinal de que alguém venha... o que faz com que os sobreviventes comecem a pensar na possibilidade de que não haja resgate algum. E faz também com que aos poucos o lado sombrio de cada um comece a emergir. Acho interessantíssimo este exercício lúdico de pôr num lugar, contra suas vontades, indivíduos das mais diferentes origens, e incitá-los a reagir a estímulos extremos. Não... eu definitivamente não gosto de Big Brother... o pseudo aspecto psicológico ali tem a profundidade duma poça d'água... o que definitivamente não é o caso das nuances de personalidade sendo mostradas na série até aqui.

Mas o que importa é que me imaginei numa ilha deserta, pensando nas inúmeras possibilidades da situação! Eu e um carregamento inteiro da livraria Siciliano caídos numa ilha qualquer desconhecida (descontados os livros de auto-ajuda, culinária e do Paulo Coelho, é evidente). Ou quem sabe naufragar numa daquelas que tivesse uma plantação cuidadosamente cultivada como a do filme "A praia", do Leonardo DiCaprio (ainda melhor se fosse SEM o Leonardo DiCaprio), ou então com outras 46 sobreviventes... todas elas com o encantador par de olhos e as sardas da atriz principal do seriado, ou o jeito tímido e desamparado da menina oriental. E que tal se eu caísse numa ilha com minha coleção inteira de arquivos de áudio, mais meu player, um bom par de fones de ouvido e estoque de cerveja pra uns 2 anos? Qualquer que fosse a situação, seria um paraíso cristão aqui mesmo na terra... eu poderia ficar de cueca o dia inteiro, arrotar quando bem entendesse, cantarolar com minha péssima voz sem correr o risco de sofrer a execração alheia e transgredir mais outro tanto de regras sociais estabelecidas.

Mas até aqui me ative a falar dos supostos "aspectos positivos" de ser largado numa ilha de cujas benesses do quotidiano urbano não se tivesse o mais leve resquício. Mas e que dizer das dificuldades e agruras que adviriam de uma situação como esta? Sim, pois acaba de me passar pela cabeça uma idéia aterradora!! Me imagino sobrevivente de um acidente indo parar numa ilha tendo por companheiros de infortúnio não as mulheres de que falei aí em cima, mas os 14 ou 15 integrantes de uma banda de pagode emergente qualquer (sim, até o tocador de caixinha de fósforos!), devidamente guarnecidos de seus suprimentos de kolene e seus instrumentos musicais (caixinha de fósforos incluída). E que tal se, para melhorar um pouco a situação, conseguíssemos recuperar dos escombros do navio/avião toda a coleção do Wando, algumas cervejas Polar quentes, uma bola de futebol e uma churrasqueira? Já quase consigo imaginar quão animados seriam os luaus... como alento, só a idéia corrente de que a sobrevida de náufragos acaba não sendo muito grande. Estatística que pode sempre ser aumentada graças a um providencial surto psicótico num dos náufragos... "chacina de pagodeiros numa ilha deserta"... é... parece estar de bom tamanho...

É isso... a minha ilha vai ter boa música, pessoas inteligentes exalando carisma por todos os poros, um mínimo de conforto, cerveja gelada e, claro, muitas oportunidades de observação do comportamento social desse bicho estranho e arredio chamado homem.

P.S. A série lost vale ser vista... assim como "I am a rock" merece muito ser escutada...

domingo, fevereiro 12, 2006

Diário de uma adolescente na era da Internet

sexta-feira, 15 de dezembro

Caraça meu, u Leandro eh muito xuxucu. Eu to xonada por ele. Hoje na ixcola eu tava na aula xatona de matemática e fiquei viajano nagente se bejanu. Depoix eu olhei pro lado e ele tava me olhano. Fiquei mó envergonhada. Será que ele sabe?

Aí no intervalo eu encontrei com a tati, a pati, a xandra e a celi e a gente ficou mó cara conversando. Aí a pati falou que o vizinho da amiga do namorado da prima dela disse que tá afim da xandra mas ela já disse que ele é muito criançona pra ficar com ele. Ai eu falei que é bobagem dela porque se ela ficar só procurando o carinha certo ela vai ficar BV a vida toda. Mas também, o cara é muito otário mesmo. É até bonitinho, mas é otário.

Daí teve uma hora que o leandro passou com um amigo que ele sempre anda e ficou me olhando. Nossa, eu fiquei sem ar na hora!!!!!!!!!!! Mas ele é muito devagar e eu não sou dessas meninas que tomam iniciativa. Aí depois eu vi márcio, que eu namorava no mês passado e ele já está com a galinha da fernanda. Todo besta esse menino. A pati me disse que vai 3w@#0 com o namorado dela sábado. Ta todo mundo esperando a resenha. Eu nunca 3w@&^, mas uma vez eu *$&$& 1 )*^^*((*& pro marcio. Eu achei muito besta e não sei porque eles fazem tanto isso.

Aí depois do intervalo eu tive aula de química e inglês. Não sei praque a gente estuda essa merda de química. Eu não quero ser química e não estou nem ai para nox. Nox pramim é nome de banda punk e eu nem gosto de punk.

Depois da aula eu fui pra casa e almocei. O rango tava da hora, mas estou de regime daí eu não repeti. Depois eu durmi um pouco e liguei pra pati e pra tati e ficamos em conferencia por mais de uma hora. Meu pai vai me matar se a conta vier alta de novo. Ele só pensa em dinheiro. E minha diversão? Depois eu estudei um pouco de química e fui ouvir música. Nossa o novo disco do rapazzola tá muito bom, muito massa aquele tomate. Ele é todo lindu com aquele cabelo vermelho. Vou juntar dinheiro pra pintar o meu igual, mas sem minha mãe saber senão ela me mata.

Ai começou malhação. Poxa, tomara que angélica maria fique com tavinho, eles são tão lindinhos e formam um casal massa. Igual eu e leandro. Será que ele sabe?

Ai eu fui tomar banho e meu pai xegou reclamando com a empregada porque a janta num tava pronta. Por mim é até melhor pq ai eu não como e ai eu não engordo. Ai minha mãe chegou tarde de novo e os dois começaram a brigar. Acho que eles vão se separar. Mas nem quero saber, quero minha parte em dinheiro. Ai eles ficaram lá gritando e eu me tranquei no quarto e fiquei ouvindo charle brown. Chorão é um poeta. Ele sabe tudo que agente pensa. O cara é mó cabeça. Depois meu pai veio reclamar porque o som tava alto. Pó, se toca né pai? Você fica gritando com a mãe e quer que eu fique ouvindo seus gritos? Prefiro ouvir os grito de chorão, pelo menos tem música e poesia. Eu gosto de poesia, mas eu não sou muito boa com as palavras.

Ai depois do esporro eu fui deitar. Mas eu to sem sono. Só consigo pensar no leandro. Acho que eu vou falar com o marco que é amigo de andré que conhece jorge que é meio primo do leandro. Vou falar com ele para marcar um encontro por acaso no shopping. Alias tenho que passar na diesel pra comprar aquela calca jeans nova. Ela é muito linda. E vou aproveitar pra comprar aquele tamanco lindo e aquela bolsa que combina. Mas ai eu vou marcar o encontro por acaso com as meninas e com o leandro e ai a gente vai ter oportunidade de conversar. Será que ele sabe?

segunda-feira, 18 de dezembro

pense na decepção? Eu consegui falar com o marco pra falar com andré pra falar com jorge pra falar com leandro pragente ir pro shopping. Daí eu marquei com pati e com celi pra eu não ir sozinha que ia ser muito mico. Ai eu cheguei antes. Alias deixa eu falar da minha roupa. Nossa, eu tava um luxo. Coloquei meu top mínimo rosa, minha saia rosa e minha sandália rosa e minha bolsa rosa. Eu tava muito gata. Daí eu coloquei meu perfume e usei uma maquiagem bem discreta e fiz escova. Mas ai eu cheguei antes de todo mundo, porque vai que o leandro também chega sozinho e me vê por acaso e puxa assunto? Ia ser massa se ele falasse alguma coisa pra mim...

ai eu cheguei e ele estava lá. Eu fiquei meio atrás pra ele não me vê. Seria melhor se eu tivesse aparecido logo. Eu vi na hora que aquele amigo dele lá do colégio apareceu.... meu leandro, todo lindo e gostosinho naquela calça olhou pros lados e deu um selinho no carinha. Nossa, na hora eu não sabia o que fazer... fiquei cheia de água nos olhos e comecei a chorar. Daí eu sai correndo com raiva do leandro e daquele menino. Porque tem que ser assim? Poxa, queria que ele gostasse de mim. Seria melhor se ele tivesse uma ada, mas parece q ele não gosta da fruta. Eheheehe

passei o dia todo triste, ouvindo ivete sangalo. Nossa como ela é linda e como ela canta bem. Adoro a ivete. Daí eu não contei pra ninguém porque fiquei com medo de falar e as meninas me ligaram e eu inventei uma desculpa dizendo que tive cólica. Na verdade eu fiquei melancólica (olha eu fazendo poesia!!!!!!). Ai a noite as meninas aqui do prédio me chamaram para ir pro play e eu conheci o guilherme, que é meio irmão da jéssica, que é minha vizinha do 1305. ele é muito gato e é todo romântico e ficou me olhando a noite toda. Daí a jéssica me chamou e disse que o gui (olha a intimidade) tava afim de mim. Daí a gente foi pro cantindo que todo mundo vai e a gente ficou. Nossa como ele beija bem. Mas ele era muito ozado e ficou passando a mão em minha bunda. Não gosto de menino saidinho. Mas teve uma hora q ele me abraçou com forca e encostou o *** dele em mim e eu senti que estava ***. Na hora eu fiquei sem graça mas depois eu comecei a tremer e me lembrei que sábado ia ser o dia que pati ia “ficar” com o ado dela. Tenho que ligar para saber como foi...

ai o gui foi embora. Tomara que eu veja ele de novo. Ele é muito massa e acho que eu to xonada por ele. Mas eu tava pensando no leandro. Poxa deve ser difícil viver escondido. Será que ele sabe?

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Pisando os dias.

É assim: primeiro um escuro faminto engolindo tudo, um pano grosso e gentil nos olhos, uma coisa absurda e lentamente adivinhada. Onde eu estou? E se o chão de repente se recusar a ser chão? E se ele se achar gordinho e murchar o estômago de chão, eu... eu... eu vou cair? É muito fundo?, eu... vou... morrer...?
Mais aquela dor de cabeça toda, aquele esforço em saber o que não é sabível enquanto não for pisado. Uma neosaldina e um travesseiro, sim? Amanhece. Agora é assim: uma fresta de luz, uma janela de luz, um sol inteiro. Clarinho, claro, clarão. Zão. Ah, o susto. Além da dor, evidente, mas susto dói mais que os olhos: a mão não alivia. A sandália virada, a roupa suja, o vinho e o vidro perigosos no corredor, o cachorro agonizando na varanda, a roseira brotando espreguiçada e manhosa no meio da sala; a consciência – a mão não alivia.
- Olha, morreu.
Ver. O horror está em ver. Está em estar. Em não fugir do próprio corpo, mais ainda – de si próprio, em saber a delícia e o sangue, ah, tão próximos, tão seus.
- Me leva de volta a onde eu estava protegida do estado de vivência? Eu quero meu casulo, meu pano, minha expectativa, minha ignorância, meu supor que, meu quase.
Burra, não. Sabida. Sabida até demais, só que verdinha. Natural. Sempre assim, depois do clarão, a recusa. Um empurrar de prato com cara feia de quando se tinha quatro anos. É que aos quatro anos não se sabe o quanto um creme de espinafre é gostoso. Depois de um tempo, é assim: !



Esta foi Ana. Uma amiga, sobrinha, companheira de letras, escritora, poeta, dona de uma sensibilidade literária ímpar. Ou, algo assim...
*mais do mesmo em: www.agua-morta.blogspot.com

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Dor de cotovelo? Tem que ter música (III)



Já me sobraram aqui enquanto escrevo, sorrisos saudosos, portos das vozes, das lágrimas e do tempo em que eu sabia a leveza de amar...

[Ao fundo “More Than Words” do Extreme e a batidinha mais sexy do mundo no corpo do violão (pelo menos nessa versão!)]

Toda a minha adolescência teve uma voz. Vinha dela, um rosto e todo o resto. De vez em quando, entre os meus dias sobrecarregados de “grandes” responsabilidades como os deveres escolares, os vídeos com as minhas amigas e um vôley torto, sentava-me no play com mais alguns pés, todos absolutamente menos importantes do que o par que estava sempre ao meio, carregando um violão. Ele tinha um, a mim um bônus (como os de promoção de supermercado, pague 1 leve 2), não precisava, bastava sabê-lo por perto.

E como em um ritual seguido por todas as outras rodas anteriores, vinha da boca do meu desejo, um lamento, um pedido que eu insistia em acreditar ser a mim, mas que contida pelos impulsos da racionalidade (a mesma que fazia com que eu não me atirasse no pescoço dele!), me contentava em apenas seguir a letra embalada pela música e pelas ilusões de menina apaixonada. Era Leandro e Leonardo “Pedindo Amor” a qualquer dia, qualquer hora e sem demora.

Vinha ainda um Jaaade eee... Grave e lindo (aliás, na época não tinha outro adjetivo à altura), que aos meus ouvidos chegava melosa e flutuantemente como Paaa ty yyy, de tão embasbacada que eu ficava. Nada devia ao João Bosco, ou ao Djavan, e o Oceano que eu via marejar nos meus olhos.

Foram anos assim, com uma paixão não correspondida, perdida nas rusgas de uma briga antiga, que nem sabíamos mais o motivo, mas que me valera interpretações dramáticas e solitárias no chuveiro... Não sei o que acharia o Cazuza e a sua “Luz Negra” se me vissem, roubando-lhes o papel da palhaça do amor.

Tivemos tempo para uma reconciliação, para nos tornarmos amigos, para rirmos muito de algumas situações (como as danças da vassoura nos momentos de paz) e nada, além disso. Eu, ainda para reconhecer-me fiel ao “Tudo que se quer” do Emílio Santiago, ocupando sem constrangimento, o lugar da Verônica Sabino.

[Tum, Tum... a batidinha!]

Um dia abriria um cartão... “Sombra e Sol”... cheio de Flávio Venturini e de um amor que dizia querer existir. O primeiro, de tantos que compuseram os anos habitados na quantidade de dedos de uma mão.

E foi cada “Pétala” vivida... Tudo de antes, esquecido... Todas as promessas feitas... Cumpridas e descumpridas... Felizes, capazes, partidas, completas.

Esse seria o amor sentido e não apenas desejado... Abençoado nos altos e baixos tons por um Guilherme Arantes esquecido do adeus... “Só você pra dar a minha vida direção”, findos no “Meu Mundo e nada mais”.

Amores distintos, um transpondo o outro... Ainda dividiria meu coração... Existiriam novos rostos, mas nenhum que me fizesse querer lembrar como esses, em um texto brega, tão próprio aos casos de amor.

Tantas as músicas... Só dois cotovelos...
E vocês, tem sua listinha preferida?

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Dor de cotovelo? Tem que ter música (II)

Tinha outro texto em mente... um daqueles já meio encaminhados na cabeça, mas ainda não passados pro papel/teclado. Daí vi o texto do Marcus (um dia eu prometo que esse "Marcus" ainda vai sair sem eu ter de pensar duas vezes no que estou escrevendo!), e puxa... foi tanta música vindo à mente duma hora pra outra que eu tinha de escrever pelo menos algumas!! :)

Seguindo no Trem Azul

Quem me conhece sabe que eu não suporto Roupa Nova (eheheeh), mas esta música em particular marcou por uma coisa engraçada... sabe-se lá qual valvulazinha controla a torneira das lembranças... E pra mim ainda é uma incógnita o mecanismo que a faz abrir e liberar este ou aquele pensamento esquecido no fundo da memória... Se alguém me pergunta o que quer que seja sobre a infância/pré-adolescência e meus tempos de colégio, não sei se vou ter muita facilidade em lembrar... mas no entanto, foi começar a ler o texto do Marcus e me veio à mente o meu primeiro dia de aula na quinta série de ginásio. É bom que se diga que estudei até a quarta-série em colégios de bairro (primeiro no interior, depois já aqui em Salvador). Aqueles lugares onde as tias conhecem os meninos um a um, e também seus pais, tios, avós... e o colégio acaba sendo uma extensão da própria casa. Imagina então o primeiro dia num colégio do porte do Liceu Salesiano do Salvador (pomposo, não?) com seus corredores enormes, quadras de esportes e sistema de som (ainda mais quando lembro que em meu antigo colégio, se alguém gritasse numa das salas, ouvíamos em todas as outras)? E é neste ambiente que eu, menino assustado, acabo me metendo, em pleno intervalo, numa quadra de esportes enorme com meninos às centenas - maiores e menores que eu - correndo pra todos os cantos, andando aos grupos... e lá uma hora, atento pro som. E quem está tocando? É... Roupa Nova..

Sangrando
É engraçado que depois de tanto tempo eu ainda lembre disso com tantos detalhes. Eu estava vivendo meu primeiro grande amor, só que ainda não tinha me dado conta... intrigante este amor adolescente. É tudo tão intenso, e as coisas parecem tão mais vivas e cheias de cores, e o mundo passa a ser nosso
com uma intensidade tal que às vezes chega a assustar. Bom... no final das contas, talvez a potencialização de tudo que é bonito seja característica mais do sentimento amor que da etapa adolescência... mas que seja... Tínhamos - eu e o futuro objeto do meu amor - acabado de voltar dum tipo de feirinha de ciências do colégio onde estudava a prima dela. Imagina um evento sem graça, cheio daqueles moleques gritalhões, e onde só havia cerveja sem álcool (acho que alguém deveria matar o cara que inventou a cerveja sem álcool), mas que de repente ganha todo o colorido do mundo, e você não sabe nem o porquê! Estava tarde e liguei pra meu pai pedindo que se possível viesse nos dar uma carona (entendam "dar carona" aí como o ato de sair da cama em casa, pegar o carro e ir ao extremo oposto da cidade pegar o filho e a "amiga" do filho - que evidentemente, não morava perto de nenhum dos dois pontos). E a volta... meu pai, sonolento, eu sem saber onde pôr as mãos, e de repente ela me puxa do nada uma fita cassete (é, os carros antes tinham dessas coisas) com músicas do Gonzaguinha... me pede pra pôr pra tocar, e a primeira música é "Sangrando...". Bom... pra encurtar, depois disso eu só lembro daquele par de olhos enormes cantarolando baixinho largados no banco de trás do carro, da vontade imensa de gritar pela janela o quão feliz eu estava, sem nem entender direito o motivo, e de meu pai na volta, com aquele jeito sereno que é provável que só a experiência traga, perguntando com o mal disfarçado sorriso o que afinal eu e aquela menina vivíamos grudados o tempo todo um no outro...

Deu medo
Pensei em conseguir escrever todo este texto mantendo incólume minha dignidade... até que lembrei desta música. Deixo aqui registrado, portanto, que sou realmente fã das músicas de Leandro & Leonardo. Que fique claro porém, pelo bem do que é justo, que trata-se somente de fase bem específica - tanto de minha vida quanto da carreira deles - e mesmo assim não de todas as canções! Isto posto, conheci uma mulher extremamente envolvente. A forma como conhecemo-nos não vem ao caso. O que interessa é que a primeira vez que saímos foi inusitada... Ela havia vindo me buscar no trabalho, e a coisa toda tinha um ar de proibido que me excitava, visto que ela era casada, bem mais velha, e precisávamos ser discretos. Ou pelo menos até onde se permitiria discreção a um adolescente cheio de hormônios... Acontece que eu entro no carro - uma bela S10, daquelas equipadas - e já sinto um aroma delicioso vindo de cabelo bem cuidado de mulher vaidosa. Isso e mais a música (Leandro e Leonardo), e mais o lugar (o lado oposto da rua do prédio em que trabalhava), e mais toda a atmosfera... bom... e era Leandro e Leonardo...

Garçon
É... a tal da dignidade já foi lá pros cafundós mesmo... pois que venha agora o velho e bom Reginaldo Rossi... essa aconteceu tem anos também... Havia brigado com minha namorada alguns dias antes de um show do Rossi em pleno São João... Tenho um amigo-irmão (que assim como eu, também o adora) com quem já tinha marcado de ir ao show. Bom... Sabe-se lá porque, meu emocional fica em frangalhos quando brigo com alguém de quem goste (e dessa em particular, eu gostava muito); motivo pelo qual eu decidi não ir. Estragaria a noite de ambos com meu mau humor. Na hora marcada chega ele em casa pra me pegar, e eu digo que não vou. Ele, chateado, resolve ir sozinho (o que não chegava a ser nada de muito preocupante, sendo ele um daqueles tipos que onde chega arranja namorada - às vezes mais de uma, inclusive). Mas qual não é minha surpresa quando 40 minutos depois está o meu bom amigo de volta. Havia resolvido curtir minha fossa junto comigo. E lá vamos nós, pra varanda da minha casa, com todas as garrafas de licor que fomos encontrando no caminho (devo admitir que ele também é dado a excessos alcoólicos), um daqueles panelões enormes de amendoim, e o radinho de meu pai... Muitas mágoas choradas depois, acompanhando em dueto os maiores sucessos de nosso herói (que escutávamos ao vivo pelo rádio), dormimos por ali mesmo, na varanda, entre cascas de amendoim e garrafas vazias... A propósito. Depois ficamos sabendo que o congestionamento foi tão grande no caminho do local do show que nós não teríamos conseguido chegar lá caso tivéssemos ido...

E vocês, tem sua listinha preferida?

domingo, fevereiro 05, 2006

Dor de cotovelo? Tem que ter música

Eu não conheço qualquer pessoa que não goste de pelo menos uma música. Aliás, a única pessoa que eu conheço que gosta de uma única música é meu tio Mário, que gosta apenas do “passo de elefantinho”. Mas no geral todas as pessoas gostam de música. Umas gostam mais, outras nem tanto. E a música tem um poder sobre as pessoas: assim como os cheiros, ela é capaz de nos levar para momentos, reviver emoções e sensações que ficaram no passado. Tem coisa mais gostosa do que ouvir aquela música dos anos 80 que a gente cantava quando era criança? Tipo “quem quer pão” da Xuxa sempre me faz lembrar do meu café da manhã precedido pelos Smurffs. Ainda sinto o cheiro de pão quente e achocolatado ou suco de laranja que eu gostava de beber todas as manhãs.

Ou ainda a música “Melô do Marinheiro” da época do Sarney, que eu cantava que Brasil levava um tombo e meu tio Roberto ria, me corrigindo...

Mas uma coisa é certa: nenhum estilo ou ritmo musical nos marca mais que as músicas tristes. As músicas que falam de dor de cotovelo, de perda, de amores perdidos e que tais são as músicas que mais nos marcam e nos fazem lembrar de momentos nem sempre bons. Mas a vida também é feita de lembranças e, mesmo que doa um pouquinho, nada melhor do que lembrar. Vou fazer minha listinha de músicas que me fazem voltar no tempo...

Take my breath away
É provavelmente a música mais brega que qualquer um já ouviu. É aquela música do Tom Cruiser no filme Top Gun. Hoje, quando ouço, tenho náuseas. Mas no final dos anos 80 era a minha música com uma namoradinha que eu não cheguei a ter na 4ª série porque eu tinha vergonha de “pedir em namoro”.

Queixa
Essa ainda é recente e seguramente é a que mais dói entre todas as canções. Essa música me remete a uma noite onde eu brigava com minha ex-namorada e ao fundo essa música tocava. Quando dei por mim ela estava reclamando e Caetano canta: “...e eu te grito essa queixa”. Daí eu fiz uma brincadeira com a frase e nós rimos. Acabou a briga. Mas quando essa música toca juro que penso em pegar meu telefone só para ouvir a voz dela...

Sem Você
A primeira vez que eu ouvi essa música foi com o Chico Buarque. Essa me lembra meu último encontro com minha ex-namorada. Ainda sinto seu perfume e o gosto da sua boca e do seu beijo, enquanto eu a vejo deixar meu carro. Mas eu vou superar.

Pedaço de Mim
Se fosse possível descrever um sentimento, no caso da música – saudade – nenhum texto, dicionário ou música poderia traduzir tão bem quanto essa. Quando Chico canta que: “saudade é o revés de um parto. Saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”, eu penso no quarto, na mãe e na tristeza que deve tomar seu peito enquanto ela remexe as coisas do filho... Isso sim é triste.

Yesterday
Esse tema me lembra meus 10 anos. Eu lembro de ter assistido pela 35ª vez ao filme “Curtindo a vida adoidado” e tem a hora do desfile em que Ferris canta Twist and Shout. Eu adorava a música e queira tê-la de qualquer maneira. Até que um dia eu achei uma fita do meu pai dos Beatles. Como eu não sabia o nome da música eu tive que ouvir uma por uma, dos dois lados... Quando tocou yesterday era como se eu conhecesse a música. Fui tomado por um sentimento inexplicável e até hoje adoro a música.

Pais e Filhos
Foi através dessa música que eu me apaixonei pela Legião Urbana. Numa bela manhã de qualquer dia de 1989, ano eleitoral, um amigo passou cantando “quero colo, vou fugir de casa...”. Eu pensei que era uma música eleitoreira e, como eu já gostava (e ainda gosto) do Lula, não quis saber da música. Até que eu ouvi no rádio e me encantei. Arrumei uma fita cassete e fiquei com o Rec-play-pause pressionados até que a música tocou. Bons tempos esses da fita cassete...

Sua estupidez
Essa me lembra muito meus tempos de Rio de Janeiro. Minha mãe sempre gostou muito do Roberto e isso deve explicar o meu também. Lembro que ela ouvia e ouvia diversas músicas e não sei por que essa marcou mais. Mas o repertório de músicas tristes e lindas do Roberto que me remetem ao passado é infinito.

Vento no Litoral
Eu me vejo caminhando no Arpoador e sentando em alguma daquelas pedras, pensando num amor perdido sempre que ouço essa música. Incrivelmente eu sinto a brisa do mar, o cheiro da maresia e aquela dor de quem perdeu um grande amor.

I loves you porgy
Bom, não sei quem é o compositor da música, mas além da linda versão da Nina Simon conheço a versão ainda mais linda do Renato para essa música. Trocando um pouquinho de nada o sentido, tirando os pronomes masculinos, eu consigo me ver na condição do cara que se submete ao amor de uma mulher para não perde-la.

Minha flor, meu bebê
Mais uma música que fala da submissão ao outro para não perder o amor. E essas que falam de submissão me lembram todos os meus relacionamentos, porque eu sou o tipo do amante que se submete para não perder, como se eu não merecesse o amor.

Logicamente para mim é muito difícil fazer uma lista tão resumida de músicas, porque além de conhecer uma infinidade de canções – em especial das tristes – eu sou um amante da música e eu consigo fazer com que cada uma delas seja aplicada a um dia ou a um sentimento.

E vocês, têm sua listinha preferida?

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

En Passant?

- Pra você ver, cara... pra você ver!

- E qual é o problema?
- Essa sociedade do consumo, da imagem, sabe? Os valores bem aceitos, a normalidade social estabelecida, estão muito alterados!
- Estão...
- Esses dias, eu tava lendo um blogue...
- Blogue?
- É, é. É um tipo de página da internet que qualquer pessoa escreve o que quer. Nada demais, assim.
- Sei.
- Pois é. Então. Eu tava lendo esse blogue e o cara tava escrevendo sobre a avó dele.
- Sobre a avó?
- É. O camarada escreve bem... contando as coisas engraçadas da avó, e tal. Uma figura. A avó, digo. Mas não é sobre a avó do cara que eu ia falar. A gente está conversando sobre valores, aqui, afinal, não?
- Tá.
- Enche o copo aí... Pois é. Mas não é a avó. É a Valéria Valenssa!
- A Valéria Valenssa?
- É. A Valéria, cara.
- O que tem ela?
- É uma questão de respeito, sabe?
- À Valéria?
- É, rapaz. Respeito à Valéria. Ela merece respeito.
- Sim, claro, mas o que tem a ver...
- É o que eu tô tentando falar, bicho. O cara falava na substituição da Valéria.
- É. É outra, agora...
- Eu sei! Eu sei! Tá vendo aí? Mas não precisa ser assim! Esse desapego, sabe? As pessoas andam muito superficiais! Era um texto sobre a avó dele, e ela se chateava com as mulheres dançando na TV...
- Ah, é natural!
- Pois é. E se falou desse jeito na substituição da Valéria. Não tinha nada a ver. E até você, cara, tá vendo aí?
- Eu?
- Você! "É. É outra agora..."
- Que é que tem?
- A Valéria, cara! A Valéria! Os peitos da Valéria!
- É... Eram belos seios. E tinha as pernas, a bunda também...
- Pois é! Falei os peitos porque eram nus, mas o conjunto, claro! Naquele tempo não tinha internet!
- E aí?
- E aí que a gente não tinha acesso a essas coisas! Lembra? Peitos, eu digo. A locadora lá da rua tinha um armário fechado, e nem as capas dos pornôs, na idade da gente, nós podíamos ver. A televisão da minha casa era na sala, e eu não podia assistir a Sexta Sexy na Bandeirantes. Lembra da Sexta Sexy? Hoje é Cine Privê, mas é sábado.
- Se eu lembro? Minha televisão era no quarto!
- Pois é. A minha era na sala. Passava gente o tempo todo. Mas quando chegava época de carnaval... aí, sim! Tinha a Valéria, porra!
- Entendi.
- Então? En passant assim, a Valéria não! "É. É outra agora..." a Valéria não!
- Cê tem razão, velho.
- Tenho! Tenho, porra! Quer saber? A gente deve algo à Valéria!
- Deve.
- Enche o copo aí. Um brinde!
- Tim-tim!
- À Valéria Valenssa! Aos peitos da Valéria!
- E à Sexta Sexy!
- É. Vá lá... Engraçado que quando eu ia passar as férias, justo na casa da minha avó, falando nisso, aí tinha televisão no quarto...

[]´s
(Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência. Pfff...)