segunda-feira, setembro 25, 2006

Eu sou funcionário, ele é cantor, compositor, poeta, escritor, roteirista, etc...

Estou há duas horas em frente a o computador, tentando escrever algo que descreva minhas últimas horas. E sigo ainda embriagado com as poesias e melodias daquele gênio. Pois é, cheguei do show do Chico Buarque aqui em São Paulo. Ainda estou meio confuso com tudo o que vi e ouvi e acho que não vou conseguir descrever esse momento singular em minha vida.

Posso falar das músicas. Todas elas. Posso falar também do cenário e iluminação impecáveis. Posso falar da simpatia e da simplicidade do Chico ou do talento daquela banda. Mas por onde começo? Todas as palavras perderam o sentido. Todas as rimas foram cantadas naquelas duas horas singulares. Toda a poesia ficou ali, depois de terem sido proferidas com as melodias exatas.

Mas eu não poderia deixar de registrar aqui meu encantamento. Antes eu era um apaixonado pela obra do Chico. Agora sou fanático. Lindo o show, linda a cenografia. A iluminação foi o show à parte. A cada nova música, a cada novo tema, a iluminação seguia consoante e o cenário ganhava um novo tom. Às vezes era dia, noutras era noite. Não dá para descrever, não agora, ainda no calor e na emoção pós-show.

Mas a melhor parte do show é realmente o final. Depois da última música, “na carreira”, ele sai do palco e todos vão para frente do palco (eu logicamente estava entre tantos), pedindo bis. E Chico não se faz de rogado: bisou duas vezes, com as músicas “Deixa a Menina”, “Sem Compromisso”, “Apesar de Você” e “João e Maria”. E cantou clássicos como: “As vitrines”, “A história de Lily Braun”, “A bela e a fera”, “Morro dois irmãos”, “Futuros amantes”, “Morena de Angola”, dentre tantas outras além, é claro, de todas as músicas do novo disco que, para mim, é fantástico.

Meus amigos, essa foi a noite mais inesquecível que tive até o momento. E acho que vou falar disso por ainda muitos dias.

Beijos e abraços.

domingo, setembro 24, 2006

Alice no país das bailarinas

No quarto de solteira em que vivia, além do mobiliário normal, havia um oratório, onde santos vários repousavam. Na parede, uma pintura de singelos campos e autor mediano. Cobrindo sua janela para o poente, uma cortina em seda azul celeste. Sobre a penteadeira, alguns artefatos para auxiliar suas poucas vaidades, e, algo que trazia consigo desde os quinze anos. Uma caixinha, dessas de música, forrada em veludo escarlate com detalhes de um metal dourado nas quinas da tampa. Dentro, cartas, mimos, lembranças; e, sempre vívida, a bailarina. À cama de conforto razoável, sentou-se Alice. Lançou o olhar até a caixinha, e buscou-a. Abriu-a bem devagar com um leve tremor de emoção nas mãos nodosas. A mesma lágrima de sempre, vista no espelhinho gasto pelos anos, chegou aos primeiros acordes de La Bagatelle. Aquele ato para uma pessoa comum bem poderia ser cometido automaticamente, mas, para Alice, não. Havia todo um significado dentro e fora daquela caixinha escarlate. A música, em sendo a mais comum, a mais ouvida por aqueles que têm suas caixinhas, esta, para Alice era única, como se o tal compositor surdo a tivesse feito inspirado por ela, musa daquele numa outra vida. Dentre os significados havia também o cheiro, posto que de dentro exalava um olor de lembranças de toda sorte. Mas, a bailarina, esta mexia muito mais com Alice que a música, o cheiro, e até mesmo as cartas, suas relíquias de amores temerários. Os anos não conseguiram atingi-la. Seu corpo esguio, sua delicadeza, o porte elegante, o semblante descansado; nada em tantos anos mudara. Nada. Ela nunca saiu dali. Estava sempre a postos, era só levantar a tampinha, ouvir a música, e evoluir, flutuar em plumas ao piano doce de Ludvig. Alice parava no tempo assistindo àquilo. E chorava. Cada lágrima, uma recordação. Lembrou do seu primeiro amor, dos olhos e do cheiro dele, da primeira flor roubada que ganhou. E chorou mais pelo tempo que pela perda. À época desse amor primeiro, trazia a tez macia, e uma alegria que fronteira alguma continha; sua beleza de coisa rara, coisa que atraía olhos e suspiros. Agora, havia breves resquícios desse passado apenas num resto de brilho que o olhar guardava em solidão. E lembrou que hesitou viver seu amor de moça por excesso de zelo por si mesma. E chorou ao perceber que em outros amores, e situações, também agiu assim. Alice sabia que de tão diferente, passara a ser igual à bailarina que morava na sua caixinha de veludo escarlate com detalhes de um metal dourado nas quinas da tampa. Tão protegida, tão vulnerável. Por um instante, olhou pela janela semi-aberta, e viu que lá fora tudo vivia exposto, das begônias aos pardais, dos beija-flores aos girassóis, chovendo ou não; e que tudo aquilo era vida, e viria morrer quando fosse o tempo. Tudo tão natural. Enquanto ela passava os dias no seu mundinho, agindo na segurança do não-fazer, crendo estar segura num terreno de infertilidade tão aparente. Quantas vidas Alice deixou de viver, quantos amores, quantas dores. Anos perdidos, guardados na pseudo-segurança de uma caixinha de lembranças. Hoje, ali, sentada em sua cama, apenas hoje, e um tanto tarde, foi que ela percebeu que suas rugas, suas dores, seus não-amores, tudo contrastava com a sua bailarina de metal, mas, no restante elas eram uma só. Posto que viveram tantos anos sob o olhar de uma prudência velada, julgando que o medo de sofrer afastava o sofrimento. Assim, em ter sido tão cautelosa, Alice agora era só dor.

sábado, setembro 23, 2006

Sanguessugas - Uma ação do PSDB - versão curta

O vídeo fala por si. E acho que, a exemplo do que já falei em relação ao Brasil, São Paulo deveria escolher para governador ao menos um terráqueo... :)

[]´s

quinta-feira, setembro 14, 2006

Revoadas.

O comentário do momento era a minha covinha de um lado só. Melhor que conversarem sobre o quanto eu sou chato – assunto anterior.
As três fumavam com vontade – eu o conseguira com algum custo, naquela cidade estranha -, e à medida que o tamanho do baseado diminuía, tudo ia ficando mais divertido.
Eu apenas acompanhava com minha cerveja e um Hollywood, que eu não gosto. Maconha teve jeito, mas parecia não haver sequer um Carlton disponível em toda a cidade.
Eu anotava coisas no caderninho. Anotei, numa vontade de pensar algo, separando espaços para o que viesse, as palavras "Mulherzinha", "Saidinha" e "Maluquinha". Nada sobreveio, a não ser a tentativa de desenhá-las, limitada por meu parco talento gráfico.
Anotei umas metáforas que me surgiram ouvindo as músicas, e que àquele momento me pareceram interessantes – “Acostumar-nos a olhar o mundo de seu vale para o alto.” e “Esquecer o cosmos e se concentrar no relógio”. A primeira nem sei mais o que foi. A segunda, muito mal construída esteticamente, vinha da lembrança do quanto eu costumava a pensar nas, com o perdão da expressão batida, “grandes questões”: origem do universo, ideário socialista, análises da história a partir da máxima de que é contada pelos vencedores. Um dia passei a trabalhar pra caramba, estudar mais um tanto, e há anos não tenho tempo para pensar em quase nada. Ser adulto tem um certo potencial de limitar a mente.
A única conclusão foi de que estou a um passo de escrever auto-ajuda. O que é pior: a partir de uma possível auto-piedade. E de má qualidade, diga-se.
Tem uma crônica - se não me engano é do Mário Prata -, sobre o que ele chama de Passarinho, na literatura. Resumindo, fala de um princípio de incêndio que teve no terminal rodoviário, que não deu prejuízo nenhum e nem pegou em nada, e o repórter que foi cobrir, precisando de notícia, só conseguiu levantar a informação de que foi perto de uma gaiola, mas que o passarinho estava bem. Tascou a manchete “Chamas na Lapa ameaçam a fauna carioca”, ou algo assim.
O gosto por escrever, sem viver, vem sendo uma dupla frustração. Frustração no ato e na hora que repasso o tempo, na memória, para gravar no papel. Ou talvez eu não esteja olhando do vale para o alto.
Talvez, ainda, no alto, ao menos ao escrever, deva haver umas belas revoadas. Anotei isso, também.
Mas isso tudo são digressões sem tempo certo. Naquela hora eu estava tenso, escrevendo, desenvolvendo outras linhas de pensamento, e quando dei por mim elas estavam nuas, sob os lençóis de seda, sob a lua mansa. O cheiro de maconha escondia seus perfumes, denso, vindo pro meu lado com a brisa leve que dançava na noite.
Fechei o caderninho no meio de um rabisco esquecido, e fiz questão de não olhar as horas enquanto tirava o relógio. Um galo cantou, pouco depois, mas eu já tinha percebido, nas noites anteriores, que ele errava os horários.
E , sujamente contente, ao dormir, dessa vez eu sonharia com o dia que passou.

[]´s

quarta-feira, setembro 06, 2006

Devaneios

Eu conheço uma garota sem noção que diz usar cremes com glitter, porque o reflexo ajuda a bronzear melhor quando ela está ao sol. Também disse que se o homem usar drogas durante a gestação da mulher, o filho pode sair com problemas genéticos, dentre outras sandices.

Claro que nenhuma substância, por mais prejudicial que seja, altera o DNA de alguém para criar problemas genéticos para os filhos. A mulher, se utiliza substâncias perigosas, pode prejudicar o bebê em função de o seu sangue alimentar a criança.

Só que eu estive pensando com os meus botões: Michael Jackson tem dois filhos. Seus filhos são brancos, de cabelos lisos e feições brancas. Como pode isso? Tudo bem que a mulher que emprestou o ventre para gerar seus filhos é branca. Mas como pode Michael ter filhos branquinhos, quase arianos? E o pior: porque ninguém nunca comentou isso na mídia?

Até onde eu me lembro de genética, o genótipo é a herança genética e não é mutável de uma geração para outra. Se ele se tornou branco, seja por doença ou por intervenção da ciência, isso é outra história. Mas eu estou aqui encafifado, pensando muito e não consigo encontrar uma explicação melhor para esta questão. Será que a garota sem noção que conheço está certa?

E seguindo essa linha de raciocínio, os filhos de José Dirceu se parecem com o antigo Dirceu, antes da plástica ou com o novo, com a cara toda modificada? E alguém que tem um membro amputado, vai ter filho também amputado? Ou alguém resolveu adotar o visual skin head e já vai ter um filho revoltado. Ou então tatuado, assim evita a dor da tatuagem.

Para ter filhos felizes, visitaríamos um circo antes do coito. Sortudos, pularíamos 7 ondas. Ricos, comeríamos lentilha. Para corajosos, pularíamos de pára-quedas. E assim por diante...

Eu acredito que este seja um assunto para ser explorado por algum desses cientistas que pesquisam coisas importantes, como o fato das formigas se espreguiçarem ao acordar, ou que o porco tem um orgasmo que dura 30 minutos!

Tive uma idéia: antes de engravidar minha futura mulher, vou fazer um extreme makeover para ter um filho prontinho para o mercado.

Será? Vá saber!