quinta-feira, abril 20, 2006

Não vale a pena. (A porra!)

Estávamos no Armazém di Baggio, tomando umas cervejas de filosofia social. Eram cervejas de artes marciais, num primeiro momento, mas uma coisa puxa a outra, que puxa a outra, e é um trem inteiro.
Ao lado, aquela figura tarimbada (e carimbadíssima) achou por bem intervir, expondo sua opinião fundamentada com o máximo empirismo possível. Dois tiros de empirismo. Se bem que talvez não fosse o máximo, por ser calibre vinte e dois: "se fosse de trinta e oito, eu não tinha sobrevivido. Foram mais de sessenta dias no hospital."
Um comentário despretensioso de Leila, sobre defesa pessoal, puxou a discussão sobre artes marciais, gêneros diante de situações violentas, experiências vividas de brigas, assaltos. Passamos pela visão de mundo de que quem assalta e está errado, mas o mundo agiu errado com essa pessoa e o que ela faz? Não, não justifica. Compreende.
Uma vez me furtaram na praia, enquanto eu ia no mar com minha namorada (à época) e nossa amiga ficou cuidando da pochete (motociclista tem que sobrepujar a estética pela praticidade). Carteira, chaves de casa e da moto, celular, óculos escuros, tudo lá. Eu e um bêbado que tomava uma à mesa ao lado fomos atrás do cara – ele o tinha visto -, achamos e demos um tranco. Depois de o meliante ter caído e tentado fugir, o bêbado se enraivou. Esse cara apanhou tanto que não sei se hoje é vivo. Não bati, foi ele. Fiquei sem jeito de intervir em favor do ladrão. E não tenho um pingo de remorso. Paradoxo, para quem compreende, como citei há pouco, o porquê.
Leila conta que nos festejos do Bonfim, uma vez, negão de dois metros tentou beijá-la à força, como tanto fazem os playboyzinhos no carnaval. Recurso feminino legítimo, ela cravou todas as unhas grandes nas costas do homem, puxou com força, e tirou sangue. Se aproveitou do seu metro e cincoenta e três para fugir serelepe pela multidão. "Se ele me pegasse, com um murro me matava."
Matava mesmo. Mas não daria o murro. Ou pelo menos quero crer que. E esse foi ponto de discordância. Se eu vejo um homem brigando com uma mulher, desvio até o olhar - desde que estejam na esfera verbal. Um homem batendo em uma mulher eu não aceito. Já houve até uma situação próxima, na entrada da casa de um primo, ali mesmo na Pituba. O cara estava segurando-a, e eu cheguei perto. Sem intervir, mas marcando presença. Acabou que ele não fez mais que isso, e ficou tudo bem.
O bêbado, que se fez dispor de nossa atenção por um bom tempo, contou-nos que, coincidentemente, numa festa do Bonfim aplicou um cachação num desses covardes, que estava agredindo uma mulher. Que saiu correndo e fê-lo pensar que havia fugido, mas voltou com a Winchester 22.

- Se pega um pouco mais para a esquerda tinha perfurado o pulmão e me matava. E aí? Como é que ficavam meu filho e minha filha? Tenho certeza que estão juntos hoje aí! Tem muita mulher que gosta disso!
- Mesmo assim...
- Depois aparecia no A Tarde, e você morria de herói. Te servia de que? E as pessoas que iam sentir falta de você?

Eu não queria gastar o tempo nisso. Não concordar não implica em não compreender o fato de alguém que passou pelo que ele passou achar assim.
Há tempos não via Vágner, bom amigo, e pretendia aproveitar melhor a conversa. Disfarçamos, os três, e educadamente fechamos o grupo.
Da história, o que se percebe, é que ele não tinha certeza nenhuma que eles estavam juntos. Era uma afirmação amadurecida do fruto do rancor. Como trezentas hipóteses que eu poderia formular, desta mulher ter tomado o tiro ao invés dele, de ela sim ter morrido, dos filhos dela...
A verdade, nesse caso, nos é inatingível.
Existe toda uma ética desviada, na minha opinião, que talvez brote da covardia ou talvez do individualismo em excesso. Talvez um pouco dos dois. Não se envolva. É melhor deixar para lá. Ande de janelas fechadas. Não faça tudo o que poderia, não viva tudo o que poderia, não seja tudo o que poderia, em nome da segurança, que esse mundo está assim assim.
Não é ser herói. É princípio. E me recuso a pautar minha vida na possibilidade de cada filho da puta estar armado.
Concordo, sim, que os princípios do nosso contrato social efetivo causem tantas distorções, e compreendo a visão de que por essa ótica possamos justificar certa condescendência. Mas tem coisas que não se justificam em nada. Não engulo.
Filosofia por filosofia, tem aquele tio brabo de Feira, com uma visão de vida menos culta e delicada, e sempre tá tudo certo: "Eu tô aqui prá comer cu e dar porrada!".
[]´s

4 comentários:

d1T0 disse...

mas que tem mulher que gosta de apanhar, ah, isso tem.

Leonardo Caldas disse...

todas elas gostam de apanhar... entre quatro paredes, e com uma mão não muito pesada! é bom pra quem bate, pra elas, que apanham sorrindo! :)

você de pochete vermelha deve ficar uma figura!

Diógenes Pacheco disse...

Peraí, bicho! Não tem vermelha escrito em lugar nenhum aí! Olha a esculhambação! Hehehe...

[]´s

Anônimo disse...

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