segunda-feira, janeiro 29, 2007
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Antônimos
Um misto de angústia e alívio, tontura e equilíbrio, loucura e sanidade. Aliás, o normal é ser anormal, pelo menos do lado de cá do cérebro. Sou um louco que faz de conta que é louco para as pessoas acharem que sou um normal fazendo de conta que sou louco só para fazer charme. Uma incógnita conhecida, a solução de uma inequação cujo produto é o dividendo da soma das partes, ao quadrado. A confusão mental mais organizada que pode existir. Um quarto repleto de objetos jogados, encontráveis apenas aos seus donos.
A inércia em movimento, pajelança sagrada e a inquietude de um budista. E nessa confusão de sentimentos e sentidos, intentos e descuidos, afago e rudeza, vou aos poucos me perdendo num caminho repleto de rosas e pedras, rios e mares, num desencontro atípico entre todos os encontros possíveis. E não é possível saber para onde ir, qual estrada seguir, pois meus olhos me enganam e meus sentidos, me afastam.
E em meu anonimato, sigo entre sinônimos e antônimos, como num hiato, entre mentiras e falsas verdade, sorrisos sem sisos mas cheios de coesão. E vou vagando confundindo, confuso, macambúzio, ensimesmado, espalhafatoso e tímido, o falante mais calado, o amante mais errado, alado e rastejante, eterno pensamento, ato, fato e feitiço, encanto desencontrado, bemol e sustenido.