domingo, julho 10, 2005

Papel em branco

Eu nasci para ser inquieto. Não consigo ficar parado, falo pelos cotovelos e minhas pernas são muito nervosas. Minhas mãos se mexem como asas enquanto verso sobre os assuntos mais inusitados. Sou assim mesmo, inquieto. Pensamento.

E inquieto sigo olhando para este papel totalmente branco. Ta bom. Na verdade estou olhando para a tela do Word. Mas ela parece um papel branco e isso me deixa inquieto. Papel branco para mim é sinônimo de uma nova possibilidade. Uma música, um poema, ou esse texto sem vergonha que tento escrever.

Agora estou, ao mesmo tempo, ouvindo Cat Stevens, pensando na próxima frase que vai encher mais um pouco dessa lingüiça, escrevendo um relatório e sofrendo um pouquinho (ninguém é de ferro né?).

Gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo. É uma forma de fugir de qualquer verdade. Porque ninguém gosta das verdades que precisa. É mais gostoso ter as verdades de mentira, que são aquelas que a gente conta para a gente mesmo. Fica mais fácil viver assim. E vou seguindo, ouvindo Cat Steven e pensando nas novas frases que aqui estarão. O relatório eu estou deixando que se escreva sozinho, porque tenho até quarta-feira para terminar. Já essa parte de sofrer um pouquinho foi só para ter um quê mais dramático no texto (olha eu de novo contando as verdades que eu prefiro acreditar).

Olha como é fácil! Acabei de escrever mais um parágrafo com absolutamente nada. Acho que esse é um dos meus dons. A capacidade de escrever parágrafos com absolutamente nada. Se isso desse dinheiro, eu estaria seguramente rico. Meus textos são como uma folha de papel em branco. Mas, ao contrário do outro, me dá tranqüilidade, porque tem um monte de letrinhas. E um monte de letrinhas poderiam ser uma música, um poema, ou esse texto sem vergonha que acabei de escrever.

10 comentários:

Marina disse...

Eu queria ter esse dom de escrever bem sobre nada! rsrs :)
Belo texto. Beijos ;)

Anônimo disse...

Intrometendo-me entre "os sete destilados e um fermentado"...
Se dissesse que não os invejo, mentiria. Se dissesse que não os admiro com prazer e positividade, mentiria também.
Marina, não se rima em crônica, mas você pode. Baiano, quem não gosta de fermentado faça frio ou calor? Múcio, lindo convite, lindo texto; a cada leitura mais apaixonada por você (por enquanto esqueçam o EROS), aplausos. Ercília, me ensina a ser assim apaixonanate e apaixonada? - você é fantástica. Patrícia, sua apresentação foi uma (ótima) supresa. Vinícius, por favor, ganhe dinheiro com seus parágrafos "vazios".
Primeira e encantadora leitura dominical. Obrigada por isso.
Beijos a todos.

Diógenes Pacheco disse...

Obrigado, Juliana!
Não disse em momento algum que eu não desça redondo... :)
Quanto ao texto - sem vergonha mesmo... hehehe.
Uma das manifestações mais descaradas da "síndrome do prazo final" que eu já vi. :)

[]´s

Anônimo disse...

Vinícus está levando o negócio a sério... Postou às 00:02h!

Anônimo disse...

Uau.. Um texto sobre o vazio, infelizmente não foi original, mas a capacidade de escrever sobre o nada é para poucos. Parabéns!

Classificação: 4 estrelas

mg6es disse...

Grande Vinicius! São tantas as nossas verdades que se manifestam em papeis em branco... Eis aqui "Um vazio agudo, cheio de tudo", salve, Leminski! []'s

Anônimo disse...

Texto muito bem elaborado, ri e vi que há muito ainda o que aprender e ler com este magnífico grupo de novos escritores. Parabéns a todos!

Anônimo disse...

Belo texto. Posso chamar de "nada criativo"? E no meio do "nada" uma pitada de poesia... "Porque ninguém gosta das verdades que precisa." muito bom mesmo. parabéns!

Anônimo disse...

"Gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo. É uma forma de fugir de qualquer verdade."

...esse é um dos artifícios que uso algumas vezes...muitas coisas ao mesmo tempo e nenhuma no final... a não ser eu, inquieta e sofrida, por esconder de mim certas verdades, por deixar acontecer. Huuummm...cadê meu humor?

Beijo!

Vinicius disse...

Gente,

obrigado pelos elogios. Fico feliz por saber que vocês gostaram do "texto sem vergonha".

Tenterei sempre extrair da minha cabeça cheia de loucura um pouco de sanidade.

Abraços e beijos