Areia que se vê pelo raio de sol sobranceiro. Dança de um universo que suja o eterno. Desta sacada , meus olhos miram até a linha do horizonte, e deles foge apenas o tempo.
Seguem o flutuar de uma nuvem longínqua, buscam o céu limpo, o chão imperfeito. Cada imagem que percebem já não existe. Atravessam os ruídos que sempre se parecem, e que em mim quase tocam, como se pudesse arrastar sobre eles as pontas dos dedos.
Abençoa-me esta fumaça branca de tabaco velho. Abençoa-me o frio do vento. Abençoa-me a água salgada que o mar entrega através do céu vermelho.
Abençoa-me, em forma de luz, a vida que se transforma ao longe. As pernas da menina que aperta cadernos contra o peito a levam para longe. Os braços que envolvem a criança de olhares afoitos a levam para longe. Os carros seguem seus caminhos geométricos, e levam seus passageiros para espaços fechados, sufocados, ao longe.
Em nenhum desses lugares, por mais distantes dos meus olhos, guarda-se o tempo. A substância que constrói cada uma das coisas. A luz que reflete na retina de uma forma a cada vez, e que é a trilha do nosso encontro com o infinito.
Não é assim nesta sacada. Intangível, invisível, quase inexiste um segredo sagrado, que paira sobre tudo em volta, do meu tempo em suspensão, aguardando tua benção.
Aguardando que a luz chegue em minh´alma refletida por seus cabelos vermelhos, e que teu olhar castanho me abençoe pelo infinito que perdure.
E que é tempo nosso.
4 comentários:
Agora a de cabelos vermelhos é personagem recorrente em seus blogs? Se é que vc me entende...
eu adoro quando ele resolve ser descritivo assim! :)
e, bom... tá na cara que, igualzinho a mim, você tem uma tal duma mulher que por mais que tente se afastar, inconscientemente retorna a teus textos... cabelos vermelhos a tua, olhos claros a minha...
Dido!????
É vc mesmo?
Todo poético. ;)
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