gosto de vilões...
Assisti alguns filmes no final de semana, e bem no meio da letargia básica do Domingo, percebi uma coisa. Gosto de vilões... em filmes... em quadrinhos... (na vida dita “real”?). Não creio que seja o tipo de conclusão à qual se chega assim, de estalo... acho que fica germinando no subconsciente, e lá uma hora alguma coisa chama à atenção, e voila! Cá estou, escrevendo sobre caras maus!
Tem um tipo que merece particular atenção, que é o gângster. Gosto particularmente do Al Pacino, atuando como Scarface. Me agrada a forma como ele encara a tela de frente. Gosto dos olhos contidos e da raiva mal disfarçada. E gosto da boca cínica, que ri desdém e maldade. E tem até cicatriz no rosto, como um bom cara mau – principalmente se macho bravio vindo direto de la isla de Fidel – deve ter. É engraçado assistir a um filme com um cara ruim tão ruim, e que no entanto não tem mocinho... ora, todo mundo sabe que o cara mau é tão mais maldoso quão mais cheio de virtudes é o bom sujeito ao qual ele se contrapõe. Só que em Scarface o que se poderia dizer é que o tal bonzinho é a própria sociedade norte-americana em geral. E, bom... todo mundo também sabe que nem há tanta virtude assim no norte-americano médio... O que Tony Montana persegue é o tal do “American Dream” (ou uma forma deturpada dele, e pelas vias do “Cuban Way”), e a muito pó e bala, acaba chegando onde quer. Já havia sido feito assim antes... e certamente o foi depois... mas um Vitto Corleone tem toda uma classe pra matar pessoas. Há beleza estética naquela violência. Não é o caso do Pacino. As cores são fortes, a luxúria é enorme, e a violência é desnecessária. Um detalhe nesse tipo de vilão é que sua punição no final do filme é vista por nós, passivos expectadores, com bons olhos... até mesmo Al Pacino é punido. Mas não sem antes casar com a Michelle Pfeiffer, matar o melhor amigo e descobrir-se apaixonado pela própria irmã.
Tem outro tipo que eu realmente curto, que é o vilão high-tech. O terceiro andróide do Blade Runner, o Roy, vivido pelo Rutger Hauer, representa este estilo como nenhum outro. O interessante neste filme é perceber o despertar da consciência do andróide (que vi sempre como uma metáfora relacionada ao despertar da própria vida), e que o torna bastante original. É que, até onde lembro, os caras maus dos filmes, quadrinhos, etc, estão sempre atrás de poder e/ou dinheiro. E daí me aparece esse andróide, cujo motor é simplesmente a conquista do direito de viver em sua plenitude a complexidade das emoções humanas, e não ter de morrer por fazê-lo. E me fez gostar dele... Suas razões são nobres, e vê-lo morrer me deixa meio perplexo... Ah, e gosto daquele futuro... todo ele amplo e em belos tons pastéis. E ainda tem a beleza plácida e etérea dos olhos da Rachael. Alguém poderia se perder naqueles olhos. E é como se o mocinho Deckard fosse pequeno diante da nobreza do vilão andróide.
E tem o vilão “maluco”. Sendo ou não violento (e geralmente o é), ele é um tipo interessante, ainda mais se o processo de enlouquecimento se dá durante o desenrolar do filme, e nós vamos acompanhando tudo. Quem viu Jack Nicholson em Shinning sabe bem a sensação a que me refiro. A forma meio diabólica como ele sorrí, o silêncio daqueles longos corredores... o isolamento no meio de toda aquela neve, e o toc-toc-toc da máquina de escrever, tudo ajuda a formar o clima denso... pesado... a maldade fica quase palpável, formando a ambientação perfeita pro vilão agir. É outro filme onde não há um mocinho facilmente identificável.
Ah... quer saber? Vilões demais... espaço de menos... acho que esse texto vai ter parte II um dia...
Tem um tipo que merece particular atenção, que é o gângster. Gosto particularmente do Al Pacino, atuando como Scarface. Me agrada a forma como ele encara a tela de frente. Gosto dos olhos contidos e da raiva mal disfarçada. E gosto da boca cínica, que ri desdém e maldade. E tem até cicatriz no rosto, como um bom cara mau – principalmente se macho bravio vindo direto de la isla de Fidel – deve ter. É engraçado assistir a um filme com um cara ruim tão ruim, e que no entanto não tem mocinho... ora, todo mundo sabe que o cara mau é tão mais maldoso quão mais cheio de virtudes é o bom sujeito ao qual ele se contrapõe. Só que em Scarface o que se poderia dizer é que o tal bonzinho é a própria sociedade norte-americana em geral. E, bom... todo mundo também sabe que nem há tanta virtude assim no norte-americano médio... O que Tony Montana persegue é o tal do “American Dream” (ou uma forma deturpada dele, e pelas vias do “Cuban Way”), e a muito pó e bala, acaba chegando onde quer. Já havia sido feito assim antes... e certamente o foi depois... mas um Vitto Corleone tem toda uma classe pra matar pessoas. Há beleza estética naquela violência. Não é o caso do Pacino. As cores são fortes, a luxúria é enorme, e a violência é desnecessária. Um detalhe nesse tipo de vilão é que sua punição no final do filme é vista por nós, passivos expectadores, com bons olhos... até mesmo Al Pacino é punido. Mas não sem antes casar com a Michelle Pfeiffer, matar o melhor amigo e descobrir-se apaixonado pela própria irmã.
Tem outro tipo que eu realmente curto, que é o vilão high-tech. O terceiro andróide do Blade Runner, o Roy, vivido pelo Rutger Hauer, representa este estilo como nenhum outro. O interessante neste filme é perceber o despertar da consciência do andróide (que vi sempre como uma metáfora relacionada ao despertar da própria vida), e que o torna bastante original. É que, até onde lembro, os caras maus dos filmes, quadrinhos, etc, estão sempre atrás de poder e/ou dinheiro. E daí me aparece esse andróide, cujo motor é simplesmente a conquista do direito de viver em sua plenitude a complexidade das emoções humanas, e não ter de morrer por fazê-lo. E me fez gostar dele... Suas razões são nobres, e vê-lo morrer me deixa meio perplexo... Ah, e gosto daquele futuro... todo ele amplo e em belos tons pastéis. E ainda tem a beleza plácida e etérea dos olhos da Rachael. Alguém poderia se perder naqueles olhos. E é como se o mocinho Deckard fosse pequeno diante da nobreza do vilão andróide.
E tem o vilão “maluco”. Sendo ou não violento (e geralmente o é), ele é um tipo interessante, ainda mais se o processo de enlouquecimento se dá durante o desenrolar do filme, e nós vamos acompanhando tudo. Quem viu Jack Nicholson em Shinning sabe bem a sensação a que me refiro. A forma meio diabólica como ele sorrí, o silêncio daqueles longos corredores... o isolamento no meio de toda aquela neve, e o toc-toc-toc da máquina de escrever, tudo ajuda a formar o clima denso... pesado... a maldade fica quase palpável, formando a ambientação perfeita pro vilão agir. É outro filme onde não há um mocinho facilmente identificável.
Ah... quer saber? Vilões demais... espaço de menos... acho que esse texto vai ter parte II um dia...