segunda-feira, agosto 15, 2005

De quem deixou a segurança de seu mundo por amor

- Puxa, mas tem coisas que não mudam, não?
- Como assim?
- O Paulinho e o resto do pessoal. Como bebem e falam alto! Olha a bagunça que está a casa!
- Ah, bobona... fala assim não... são meus amigos e gostamos tanto deles.
- Gostamos, feião? Até onde lembro, não era exatamente de aceitação minha reação quando vocês resolviam sair procurando barzinhos toda noite de sexta pra encher a cara até cair, e ainda resolviam me levar junto, como se fosse um convite pra um jantar romântico.
- Puxa, você tá sendo injusta... afinal, quantas vezes fomos às peças que você gosta?
- Hmmm (não é possível que ele esteja se referindo à única vez em que foi ao teatro comigo, e cochilou durante a segunda metade da peça)
- Ei, deixa isso pra lá, vai... hoje não é dia de a gente discutir por causa disso. Deixa aí esses pratos... lavamos amanhã pela manhã. A propósito... acho que o pessoal lá do trabalho tá preparando alguma coisa de surpresa pra mim amanhã, bobona.
- É? que bom! (Ótimo... outra festa, pra chegar bêbado...). Se for chegar tarde avise antes, tá? Minha mãe ficou de vir passar o dia conosco, e se você demorar pra voltar, peço que ela durma aqui.
- Tua mãe? Dormir aqui amanhã? Ahhh...
- Vai começar?
- Não, meu amor. Não vou começar... mas você sabe tanto quanto eu como tua mãe implica comigo, né? Foi assim desde a primeira vez em que você me levou a tua casa. O jeito como falo, a forma como me visto. Se vacilar, acho que talvez eu nem fosse a pessoa que ela teria escolhido pra ter casado contigo.
- Não era mesmo...
- E até dos meus amigos ela fala! E da música que eu escuto... lembra aquela serenata que eu fiz pra você, no nosso primeiro ano de namoro? Como ela implicou!! E pensar que teu pai gostou tanto da idéia! Ei, "Não era mesmo" o que?
- Ela não gostava mesmo da idéia de que nos casássemos, feião.
- Isso é sério? Ela falou isso pra você??
- Numa daquelas conversas dela. Que não era ainda a hora... que você era muito novo... imaturo...
- Imaturo?!? Eu ralo desde os 16 anos! Batalhei tudo que tenho, enquanto a maior parte do pessoal com quem eu andava ainda estava debaixo das asas dos pais. Ralei pra poder ter um trabalho razoável pra quando começássemos nossa vida juntos, juntarmos nosso pé-de-meia e todo o resto, e vem ela dizer que sou "imaturo"?!?
- Ei, ei, ei! ELA te acha imaturo... e EU estou casada contigo, feião! Acha que seu eu compartilhasse das idéias de minha mãe estaríamos aqui agora?
- Imaturo... ora... (Velha idiota!)
- Ah... fica com essa carinha não, vai...
- Tô com carinha nenhuma não. Vai pro quarto que vou ficar aqui lendo um pouco.
- Lendo, menino?? É nossa primeira noite de casa nova, e você vai ficar aí lendo, com essa cara emburrada?
- É. Faz bem parte de minha imaturidade...
- É, faz mesmo!! Isso de se esconder atrás de livros quando as coisas não são de teu agrado é bem você mesmo!
- ...
- Não vai falar nada?
- ...
- Ah, eu não aguento você! Quer saber?!? Vou dormir mesmo!
- ...
- Ei, bobona.
- O que é? (Agora veio pra cama, foi?)
- Trouxe café quentinho com bastante açúcar pra tomar antes de dormir, do jeito que você gosta.
- Do jeito que VOCÊ gosta, né menino? Desde quando eu tomo café?
- Ah... era só pra ver se conseguia ver um sorrisinho meio de canto de boca em teu rosto... Assim como esse que estou vendo agora! O teu é esse suco aqui. Ei, Desculpa por aquela hora, vai... aquelas coisas me tiraram do sério. Você sabe o quanto te gosto, e nem cabe ficar repetindo isso a toda hora. Quero você. Estar aqui assim, do teu lado me faz um bem tão grande que eu nem sei se saberia explicar. Venho tentando fazer tudo certo, e acho que no final das contas é só como uma forma de te "merecer" melhor. Mas quer saber? A verdade é que estou com medo... com muito medo.
- Eu também estou, menino. Antes era só eu e minha família... era só você e a tua. Agora é meio como se só tivéssemos um ao outro. Como se tivéssemos só a nós mesmo como apoio. E é ruim a sensação de não saber o que vem pela frente...

- E agora? o que acontece?
- Não sei...
- Ei, vem cá, vai. Me abraça! Bem forte.
- ...
- ...

O texto é simples porque deve ser simples... e é pra todos os Feiões e Bobonas deste mundo, que vem tentando se encontrar e começar alguma coisa única e bonita juntos. Adultos jovens e cheios de sonhos que - como diria lá o outro - deixaram a segurança de seus mundos por amor.

6 comentários:

Diógenes Pacheco disse...

"É preciso sangue frio
Pra ver que o sangue é quente
Que vai ser diferente"

[]´s

mg6es disse...

Nunca vi tanta verdade junta... Simples, sim! Belo!

simplificaram o amor
agora é tudo
é um simples ficar

[]´s

Marina disse...

Como Patita disse "Vc tá saindo da casca!"... rsrs.. :P
Muito bom!

Beijos, cb! ;)

Anônimo disse...

Mto bom Leonardo...
Esse meu sorriso não vai desmanchar por um bom tempo...

Té.

Vinicius disse...

o texto é lindo, nao simples. adorei a forma como vc tratou o relacionamento deles...

e isso acontece todos os dias.

Anônimo disse...

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