segunda-feira, agosto 08, 2005

Passatempo

Era uma noite estrelada... A quarta e última de carnaval... Sentei em meu camarim... As cores do arco-íris à minha disposição... Com as pontas dos dedos comecei a esconder a lágrima que derramava por ti... Formei minha máscara... Máscara negra... Com essas tintas poderia ter sido quem eu quisesse... Mas resolvi ser ele... O palhaço... Aquele que ri de si mesmo... Que não abre espaço para uma felicidade verdadeira... Agora sim eu poderia chorar que aqueles borrões de tinta ao redor de minha boca fariam com que parecesse um sorriso.

Ah... O baile de carnaval... Eu estava lá... Olhando para o horizonte... O som da banda ecoando pelo pátio... Sozinho... A lágrima em meu rosto... A procura incessante pela minha idealização... A minha realização... Em vão na solidão procurei por ti... Os repiques de amores inacabados me fizeram ver o que eu não procurava... Ninguém poderia me entender naquele momento... O brilho em meu olhar mudou... As minhas mãos tremeram... Os repiques viraram tormento... Deixando marcas profundas... Incicatrizáveis... E lá estava ela... A beleza mais pura e dócil... Nos braços de um outro amor... De um desejo... De Arlequim... Aquele que um dia ouvira sussurrar meu amor por ela.

Oh bela Colombina... Que me perdeu no meio de milhões de palhaços... Eu estava lá... No meio daquela multidão... Roupas coloridas... Frouxas... Cheias de longos babados... Sorrindo por fora... Tentando manter a aparência de uma pessoa normal e feliz... Sofrendo por dentro... Frustrado... Decepcionado... Magoado.

Eu tentei preveni-la e você não me escutou... E assim me transformei no Pierrot... Em solidão... Trocado por apenas mais um desejo... Apesar de terem dito que Pierrot no carnaval vira anjo... Fantasia de papel... A única solução que veio a minha cabeça foi ausentar-me... Esconder meu sofrimento... Mentir mais e fugir... Só assim o tempo pode passar... Forçando-me a sobreviver... Porque enfrentar isso tudo me dava medo... Assim preferi ser covarde e fugir... Fugir do que eu não conhecia... Fugir... Porque não podia ter armas contra o desconhecido... Fugir... Porque o vento levou meu tamborim quando a madrugada caiu no céu!

4 comentários:

Marina disse...

Lindo texto, Dé!
O amor tem dessas coisas... às vezes, nos sentimos o palhaço... =~~~~~

Beijos ;*

mg6es disse...

Todo carnaval tem seu fim, já disseram isso numa música... Ah vida dura de pierrot errante...

Muitissimo feliz ao te ler, André!

[]´s

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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