segunda-feira, junho 19, 2006

Adeus, Bussunda...

Estou chocado e sinceramente entristecido pelo falecimento do querido Bussunda... Num cenário de desesperança velada e desestímulo em relação às perspectivas individuais como o que parte da população vem vivendo (ou pelo menos a parte que me interessa e toca... aquele pessoal que sai todos os dias cedo de casa e batalha o pouco com que viver mês a mês), humoristas de inteligência fina e sarcasmo acabam fazendo a diferença. São o toque sutil de originalidade de um povo que acha ânimo em brincar com a própria desgraça. Os cassetas agradavam tanto a tanta gente pela proximidade que tinham com as mais variadas fatias do público. Era representado ali, nas piadas e esquetes aparentemente bobas, o homem brasileiro médio de que falou o Gilberto Freire... feio, pobre, desdentado e burro... mas batalhador e bem-humorado ao extremo. E Bussunda tinha o ar juvenil do gordinho amigo... esta estirpe de humoristas que trazem uma interessantíssima característica - que eu penso que se acabou com ele (talvez com a honrosa excessão do Paulo Silvino). A do sujeito que se ficar 5 minutos parado em frente a uma câmera de TV sem dizer absolutamente nada, ainda assim fará rir o espectador só pela presença.

Um detalhe que sempre me agradou no grupo é a forma fantástica como conseguiam caracterizar com perfeição quaisquer dos tipos que se propunham a imitar. É que num grupo heterogêneo como aquele havia de tudo... O tipo magricelo... o fanho... o careca... o gordinho boa-gente... a boazuda... e dali saíam o político - extrema redundância - corrupto e cínico... as sátiras bem boladas das novelas (aliás, mais interessantes que as originais, como costumavam ser também as sátiras do saudoso TV Pirata), a mulher fatal... O humor brasileiro perdeu a graça na última semana. Não pretendo mais assistir ao Casseta & Planeta... Em péssima hora vai-se o Bussunda, deixando-nos cá com a miséria nossa de cada dia. Só que com a desvantagem de que agora sem a possibilidade de rir à noite do que havia um pouco mais cedo chocado no noticiário.

Mas em tempos de Copa do Mundo não dá pra escrever um texto bem no meio dos jogos sem algumas observações futebolísticas. São poucas e totalmente descabidas, como aliás seria bem de se esperar de mim; um dos prováveis 3 ou 4 cidadãos do país sem excelência técnica alguma na arte de dirigir times de futebol. Vamos lá. Os Ronaldinhos (o gordo e o outro) são definitivamente os melhores vendedores de cervejas, refrigerantes e celulares que eu já vi em campo (afinal, lembrem-se de que o Maradona não está - ainda - na seleção. Ele até aqui só sonha que foi convocado). Particularmente, gosto de ver os coreanos jogarem. Eles são pequenos e leves... tem sempre aquele sorriso largo de crianças... trazem consigo uma legião de torcedores que os acompanha nos sorrisos e na educação e gentileza com que se comportam nos estádios e fora deles (e aqui vai um detalhe fundamental: não se reúnem em enormes rodas de pagode televisadas mundo afora!), e quando estão por aqui ainda nos contrabandeiam aqueles tênis de procedência extremamente duvidosa, porém baratinhos e confortáveis.

Quanto aos comentaristas da Globo, ver o Galvão Bueno, o Casagrande e o Falcão juntos sabe-se lá porquê sempre me faz lembrar dos saudosos Três Patetas (o Falcão, aliás, por motivos óbvios...). É tudo muito previsível. Ou talvez seja eu esperando demais... o que eu queria mesmo é ver uma daquelas opulentas suecas invadindo o gramado seminuas, ou um técnico que num acesso de loucura começasse a bater nos jogadores do banco de reservas... quem sabe um surto dum bandeirinha, que começasse a sacudir freneticamente seu instrumento de trabalho. Qualquer coisa que fugisse do lugar-comum dos comentários desfocados da Ana Maria Braga e das tomadas fora de hora da casa da D. Miguelina.

No final, fico eu esperando com a tranquilidade típica de "amigo espectador" uma festiva final entre o Brasil e a Coréia. E vai ser uma equipe desfalcada, porque infelizmente agora tenho certeza de que o Marrentinho não vai ser mais convocado...

5 comentários:

Crica B disse...

Eu também fiquei chocada com a morte do Bussunda, ele passava um ar de bom-humor, era o mais divertido dos cassetas. Ainda estou pensando se vou assistir hoje o programa.

Notadamente eu não entendo nada de futebol, nem das coisas que cercam a seleção, por isso estou curiosa para saber quem é Miguelina. :-)

Ci. disse...

Muito bom vc ter voltado à ativa!

Anônimo disse...

Bem vindo de volta ao cyberespaço. Parabéns pelo texto.É uma bela homenagem a um humorista que eu não conhecia, mas que pelo que percebi, era uma personalidade excelente.

mg6es disse...

É... Deus é brincalhão... dá e toma... Bussunda... que cara, hein? Fazia rir calado, trazia a ironia na tez, tatuada... meu riso ficou órfão!

Ana Maria Braga, isso é um caso muito à parte. Preferiria que fosse mais à parte ainda, tipo, nós aqui, ela no Urzbequistão, ou, num desses "quistão" do mundo. Aquele riso idiota e constante me torra o saco.

Beijo, Bussunda!

Beijo, Léo!

Marina disse...

Eu que não queria ver uma opulenta sueca seminua invadindo o gramado! E se invadisse, que caísse no chão e saísse rolando... hehehehe

E o Bussunda foi uma grande perda. Também fiquei sem acreditar... Acho que ainda estou assim...

Muito bom o texto, Léo! ;)

Beijos.