quarta-feira, outubro 04, 2006

deles

para m. e f.

Não seria tão triste se ela não fosse a garota que chega de surpresa por trás e me rouba um beijo estalado na bochecha, daqueles bem barulhentos, daqueles impossíveis de não sorrir depois. Não seria tão triste se ele não fosse o garoto das histórias lendárias, o cara abissalmente talentoso no truco, o sujeito que só percebe que está usando roupas rasgadas muito depois de vesti-las.

Não seria tão triste se os passeios agora não fossem doloridos, com alguma espécie de angústia transpirando no ar. Se ao invés do silêncio ainda houvesse o som de dois corações batendo em compasso e descompasso, as risadas, o cor de rosa do mundo.

Não seria tão triste se estivesse em lugar dessa solidão aquele par de mãos entrelaçadas, os carinhos no cabelo, na barriga. Ou mesmo se os olhares cúmplices não teimassem em acontecer, se as mãos não se procurassem por instinto, se as respirações não congelassem de repente.

Não seria tão triste se não houvesse ainda tanto amor.

3 comentários:

Marina disse...

Dolorido, como todo desenlaçar de mãos...

Bonito texto! :)

;**

Anônimo disse...

Putzzzz, é isso...não deveria haver tanto amor, ainda.
Tristelindo.
beijosssssssss

Anônimo disse...

Ai claudinha. ai!